quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Crítica: Reféns

Este ano, está difícil ir ao cinema. Contei nos dedos os bons filmes lançados. E para piorar, os cinemas da minha cidade (Campos dos Goytacazes) só exibem o circuito comercial. Tão comercial que já aconteceu o absurdo de todos os filmes em cartaz estarem dublados. Portanto, minha esposa e eu temos nos renegado à reclusão do nosso quarto, re-assistindo “O silêncio dos inocentes” ou “Táxi Driver”. Porém, não conseguimos resistir à boa companhia de um casal de amigos e acabamos assistindo ao novo filme do inconstante diretor Joel Schumacher, Reféns.
Joel sempre foi um diretor de filmes medianos a péssimos, e alguns dos “filmes da minha infância”, levam a direção dele como “Linha Mortal”, “Um dia de Fúria” e “Garotos Perdidos”. Todos contando com grande elenco e com “o poder Joel Schumacher de transformar histórias e roteiros medianos em thrillers medianos” (ou seja poder nenhum). Exatamente o que acontece em sua nova empreitada.
Kyle (Nicolas Cage) e Sarah (Nicole Kidman) formam um casal que moram em uma mansão, com sua filha “aborrecente” Avery (Liana Liberato) e são surpreendidos por bandidos que os fazem... Reféns!
Spoiler alert: Assim como acontece em “Por um fio” o filme e toda a ação acontece dentro de um único universo (a casa deles) tentando criar um ambiente claustrofóbico que envolva o espectador. Porém, os cenários são amplos e bem iluminados demais, tirando qualquer tentativa de tensão. As cenas que se passam fora da casa se mostram inúteis e meros escapes para o roteiro. Por exemplo, quando vemos a personagem de Liana fugindo para uma festa com uma amiga que quase bate na estrada, só para posteriormente vermos o roteiro utilizar esse recurso para eliminar um personagem. O próprio fato de fazer a menina fugir de casa já nos revela que a intenção do roteiro é usá-la como contraponto, só para que ela reapareça como um ponto de desestabilidade emocional para a família que até aquele momento estava conseguindo manter a situação. Outra péssima cartada do roteiro foi dar motivações aos bandidos. Contando a história de alguns através de flashbacks, com o intuito de fazer o espectador temê-los mais por conhecê-los (só que isso acaba revelando suas fraquezas e tirando a sensação de instabilidade e de que qualquer coisa poderia acontecer a qualquer momento) o roteiro se apresenta frágil, deixando que as “revelações” contadas pelos flashbacks se tornem o ponto alto da projeção e desviando a atenção para o que de fato é realmente grave, a vida da família correndo risco de morte.  Portanto, o longa começa a enrolar a audiência. Ameaça daqui, eu vou te matar de lá, quando na verdade sabemos (e até o personagem de Cage sabe) que não vão.
No fim das contas, o filme serve apenas para vermos Nicolas Cage em uma atuação mais madura. Sem aquele jeito Nick “freak” Cage de ser: Olhos esbugalhados, cara de maluco. Ele consegue dar o corpo e o tom que seu personagem exige, sem exageros, e só é prejudicado pelo roteiro que afunda todo o filme consigo. Já Nicole Kidman tenta fazer “das tripas o coração” para tentar passar ilesa pela dubialidade de seu personagem sem se afundar com o roteiro. Cabe a ela a maior reviravolta do filme (digna de novela das oito) porém, como seu parceiro de cena, é tragada pelo buraco negro do roteiro. E para piorar este filme é um remake de um filme que já era muito ruim.
Fato: Joel Schumacher continua um diretor de filmes medianos a péssimos. Medianos como “Por um fio”, ruins como “O número 23”, péssimos como “Batman e Robin”. Um verdadeiro vampiro de celebridades. Não sei como ele consegue atrair sempre boas caras de Hollywood para ridicularizá-los.  Nicole Kidman consegue se expressar melhor com menos Botóx e   Nicolas Cage continua escolhendo muito mal seus trabalhos.
De 1 a 5. Nota: 1,5

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