terça-feira, 27 de março de 2012

“Ser livre é coisa muito séria”

Um legionário na sarjeta

Desde a morte de Renato Russo, que os sobreviventes da geração coca-cola não recebem uma pancada tão forte quanto essa. Ver um dos “seus” vivendo nas ruas. E o pior, por uma situação que ele mesmo provocou.
Renato Rocha é considerado (pelos fãs) como integrante oficial do grupo, mesmo estampando apenas as capas dos três primeiros discos. Ele fez parte do embrião do trabalho artístico que mudou uma geração. Participou da criação das letras e das musicas e trabalhou com o gênio Renato Manfredini Junior.
O que está acontecendo com Negreti é a prova de como as drogas destroem o ser, sobretudo como ela corrói o cérebro, transformando o são em doente mental. Brincar com algo que te domina é terminar subjulgado ao pó de onde viemos; é querer fechar, à força, um ciclo que ainda não deveria se extinguir. “Viver é uma dádiva fatal, no fim das contas ninguém sai vivo daqui, mas vamos com calma”. E se isso tudo está poético demais, sejamos diretos: Não seja burro! Não use drogas! Se você está sofrendo por qualquer motivo, encontre outra muleta, “não se escore em outro e nem cachaça”. Já perdemos muitos heróis por overdose.
A matéria que foi feita pela TV Record estará no “a cultura é a cura TV”, para vermos sempre que possível e lembrarmos que “ser livre é coisa muito séria”.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Oscar 2012

Recebi um número considerável de indagações sobre a minha opinião a respeito da premiação deste ano. Eu sei que, jornalisticamente, o assunto já está velho. Mas deixarei aqui no blog, o registro da minha opinião. Considerando que o tema já perdeu toda a sua factualidade, não tratarei de todas as categorias.
Pois bem. De cara, temos “O Artista”. Este filme é como o Gato de Botas, que arregala os olhos, fazendo aquela cara de coitado, irresistível. O longa é preto e branco e mudo! Não há como lutar contra isso! Não há como não premiar isso. Portanto, a vitória foi justa. Mas, tenho que destacar “Millenium” (que proporcionou uma das minhas melhores experiências na sala escura) e “Árvore da Vida” (que mexeu totalmente com meus nervos, minha paciência, visão artística, inebriante)
Michel Hazanavicius por “O Artista” levou melhor diretor. De novo, fica difícil competir com essa peça. Mas eu tenho uma predileção nada imparcial por Scorsese (Hugo). Porém, sabia que seria difícil. E fora o Terence Mallick (A árvore da vida), que como já falei, acabou comigo.
Jean Dujardin como melhor ator. O cara é o novo fenômeno, francês, sabe lá quando esse cara vai ter essa oportunidade de novo? Mas o meu favorito foi e sempre será, Gary Oldman. Sem comentários. Uma carreira invejável, impecável, mais merecedor que ele, nem o francês.
Melhor atriz. Aqui o bicho pegou. Viola Davis, encarou o pior pesadelo de uma concorrente ao Oscar. Disputar a estatueta com Merryl “The God” Streep. Não tinha como vencer. Merryl é a recordista de indicações (17) até então, só havia vencido uma vez com a “Escolha de Sofia”. E ela realmente arrebenta como Margareth Thatcher. Porém (sempre tem um) eu homenagearia (com meu voto) a Rooney Mara (de Millenium é claro). Admito a polêmica.
“Rango” é considerado uma obra prima da animação (e ganhou) mas ainda não vi.
Meia noite em Paris, ganhou melhor Roteiro Original. Woody Allen né. E o filme é ótimo.
Meu maior pesar vai para a ausência da série Harry Potter na cerimônia. Não existe saga tão longa (são 8 filmes) executada com tanta qualidade técnica, quanto esta. Esperava alguma homenagem ou uma menção qualquer. A academia não o fez. Pelo menos todos meus críticos favoritos o fizeram. Dei-me por satisfeito.

quinta-feira, 8 de março de 2012

“Viver é um desastre que sucede a alguns”

"Recanto" um chute no saco.

Em março de 2012 começa a turnê de um dos discos mais perturbadores do cancioneiro tupiniquim. O titulo deste post é a primeira frase do carro chefe do novo disco de Gal Costa. Se a musica de trabalho começa desse jeito, imagine o resto do repertório. É um soco no estômago. E isso é muito bom.
Indo completamente na contramão do cenário musical atual, Gal e Caetano (autor das musicas) demonstram extrema coragem ao lançarem o disco mais Cult da atualidade desde Rogério Skylab. Todas as faixas são regidas por batidas eletrônicas (exceto uma) que ressaltam ainda mais o tom melancólico, cinza e sem esperança que abraça o ouvinte durante sua execução. Este disco é para os fortes (se bem que os fracos estão ouvindo Michel Teló, então tudo bem). Se você já assistiu (e sobreviveu) aos filmes de Lars Von Trier e David Lynch, então pode ouvir tranqüilo.
Talvez este não se torne o seu disco de cabeceira, o mais importante a destacar é a coragem de Caetano e Gal, voltando a mostrar aquela rebeldia dos “Anos Dourados”, sendo artista, sendo surreal, visceral, como os verdadeiros fãs da dupla (principalmente Caetano) apaixonaram-se pelas poesias de amor e dor. Há tempos, Veloso só vive à luz de Tieta e por ultimo estava “shimbaleando” com Maria Gadú.

“Recanto” entra para a seleta lista de obras que inspiram artistas, que desliga o botão do automático e nos faz olhar para a vida que estamos levando. Mesmo não se tornando seu disco de cabeceira.